segunda-feira, 5 de maio de 2008

A perfeição

A perfeição - Clarice Lispector
O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.


---

Acordei com Clarice na cabeça.
Clarice na cabeça, na escrita, no papel, na imagem.
Entrevista.
Clarice morta quando viva.
Vivia e morria, morria e vivia! Sempre.
Quando escrevia, renascia.
E morria novamente.

única, Clarice.
Sempre. Com seu sotaque, sua beleza, sua fantasia, sua escrita, sua modestia...
Nunca se assumiu como uma escritoria profissional. Dizia que, se fizesse isso, perderia sua liberdade!
Começou a escrever contos infantis a partir de um pedido de seu filho. Escreveu e guardou, não achou a escrita boa, digna de publicação.
Preferia conversar com crianças, adorava a fantasia. Quando conversava com os adultos, achava difícil, pois era como se conversasse com ela mesma, na sua mais profunda intimidade.
Não se sentia só, dizia que era alegre na maioria das vezes. Se estava cansada, era triste.
Hoje, morta realmente, sua palavra continua viva em todos!

Carolina Zaiat

Um comentário:

Marina Ricciardi disse...

Na verdade não era sotaque, como todos pensam, era língua presa - clarice fala dessa maneira porque tinha língua presa!