sábado, 10 de maio de 2008

Sociedade da Informação

O que somos nós senão fluxo de informação? Desde os primórdios da humanidade e a partir da idade infantil somos guiados pelo fluxo da informação – aprendizado cultural que caracteriza e diferencia os homens dos demais animais. É a partir disso que são transmitidos os conhecimentos de produção dos mais elementares aos mais sofisticados instrumentos e técnicas de sobrevivência. Essa capacidade de armazenar conhecimento e transmiti-lo é uma característica humana que se dá graças ao fluxo de informação – imaginem se a cada geração tivéssemos que inventar a roda. Nós não só guardamos o conhecimento da roda, como somos capazes de aperfeiçoá-la graças ao conhecimento adquirido.
Apesar de o homem sempre ter sido informacional, a sociedade da informação propriamente dita começou recentemente, e o que a determina é a velocidade e a distância que as informações percorrem, sempre vindo de outros. O planeta se transforma em um ovo eletrônico encoberto por redes, que interligam tudo e todos, formando uma comunidade terrestre em que a Terra se torna uma aldeia global. O conceito de aldeia global proposto por McLuhan não é novo, mas ele se torna cada vez mais uma realidade.
No entanto, essa mudança do mundo não é homogênea – a sociedade da informação também gerou exclusão, principalmente no que se trata de acessibilidade a tecnologias e informações de maneira igualitária. Sabemos que muitas pessoas não têm acesso sequer às necessidades básicas, quanto menos às novidades tecnológicas. No entanto, presenciamos uma inversão nos valores de necessidades – as básicas não são mais as primeiras a serem atendidas, hoje, em alguns lares gasta-se mais com informação do que com alimentação.
Cada um de nós se vê acometido pela Síndrome do excesso de informação, sempre achamos que precisamos saber algo mais, pois sempre tem algo mais disponível na rede. Essa sede torna-se uma busca sem fim. Não conseguimos mais sossegar nossas cabeças com a sensação de dever cumprido. Por exemplo, as notícias RSS das agências especializadas, lotam sua caixa de email diariamente, possibilitando a facilidade e o dever de se manter informado a todo momento. Aliás, depois que inventaram o email os executivos, os estudantes e qualquer pessoa comum que tenha uma atividade externa não pode mais ter o gozo de se desligar do serviço aos fins de semana, pois sempre abrirá um email profissional nesses dias.
O cuidado a se tomar é que a necessidade de informação e tecnologia não vire dependência – hoje é praticamente impossível para as pessoas que estão incluídas nessa mudança passar um dia sem acessar a internet, ela já se tornou parte do nosso cotidiano. Também os celulares, quem hoje consegue ir à praia, desligar o celular e esquecer-se do mundo? Esse é um luxo para pouquíssimos, pois a sociedade da informação nos abrigou a abrir mão do privilégio de desligar-se, sendo que só percebemos que estamos circundados e presos aos percalços dessa nova realidade quando tudo isso se torna extremamente incômodo.
A situação não é de toda má. Trata-se de um avanço para humanidade, que os homens precisam aprender a conviver com e administrar. As pessoas que presenciam tal transição podem sentir-se incomodadas, mas para a nova geração trata-se de algo natural. Para eles é inconcebível a vida sem tecnologias da informação, pois já nascem na Sociedade da Informação, cada vez mais digitalizada e personalizada.

Marina Ricciardi



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